Saturday, November 18, 2006

Tarde quente e alguns telefonemas. Não tenho hora para acordar e nem para dormir,como qualquer coisa. Atravesso o corredor algumas vezes para que idéias possam surgir. Ninguém disponível. Sair? Ir aonde? Com que roupa eu iria? Deixa para a próxima.Aliás,não saio sozinha,preciso de escudos,preciso de amigos, caso contrário me sinto nua e interpretada, uma releitura do que eu não sou. Alguns livros pela metade,trabalhos a serem feitos,muito tempo jogado fora,muitos lugares deixados de ir, não visitei ninguém. Por que está tudo confuso? Nada de dentro para fora? Só o resto da noite passada? As coisas passam pelas janelas dos carros,dos apartamentos,dos lugares onde vou. Nada por dentro de mim. Desejos dosoutros me consomem,vontades e delírios,mas não as minhas. Saí daqui já faz tempo. Você saiu já faz tempo e o que me faz ter certeza de que o tempo passou é o seu novo corte de cabelo ou roupas novas.

Como tudo pode mudar assim? Você na se senta mais para me contar teu dia enquanto eu procuro o quê fazer . Fico daquele jeito ali...andando, desenhando coisas, imaginando coisas. A sensação é a mesma de quando estamos com febre numa tarde quente . Sinto-me gripada, envenenada.

Recebo o último telefonema da tarde, resolvo que sim, vou sair. Te vejo lá, no meio deles, como se não estivesse me esperando ou como se estivesse pensando "tanto faz"....
Bebo, forjo uma diversão, sinto-me qualquer coisa, tento andar de um lado para o outro sem me importar com você, tentando não me importar com você.

O final é sempre o mesmo, mas eu sempre quero,não sei mais. Vou embora no teu carro,os faróis me mostram o caminho da tua cama, paredes brancas,fotos, suas tatuagens, que são minhas agora, tua língua, meus fantasmas.

_ Não quero mais isso. Não sei se não quero,mas dese jeito me assusta.

_ O que te assusta? Quer prisão e segurança? Deseja coisas certas, ligações constantes?

_ Não. Não sei. Esqueça. Assim está está bem. Só quero um cigarro , por hora. Me dê um beijo.